Profª Pedagoga Ligia Jacomini Machado

Profª Pedagoga Ligia Jacomini Machado

sábado, 23 de abril de 2011

UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA TV-PENDRIVE NA ESCOLA,
Ligia de Fátima Jacomini Machado
Célio Juvenal Costa**



“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” Soren Kierkegaard


RESUMO
Este artigo tem por objetivo realizar uma análise da trajetória da implementação de um projeto de Implementação Pedagógica sobre a utilização da TV Pendrive na Escola para Professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em uma instituição escolar do município de Mandaguari. Pesquisou-se e analisou-se as dificuldades vivenciadas pelos professores, instrumentalizando e capacitando, por meio de estudos e aulas práticas, os professores do CEEBJA Santa Clara de Mandaguari na utilização da TV Pendrive, como instrumento para aprimorar a relação ensino-aprendizagem. A capacitação foi através de um Curso de Extensão da Universidade Estadual de Maringá (UEM) onde foi possível fazer um estudo teórico e prático sobre as Novas Tecnologias e Utilização da TV Pendrive na escola.




PALAVRAS-CHAVE: Material Didático; Relação Ensino-Aprendizagem; Tecnologias de Informação e Comunicação; TV Pendrive.




ABSTRACT
This article intends to perform a trajectory analysis of a pedagogical project implementation on the use of TV Pendrive School Teacher of Youth and Adults (EJA), an educational institution in the city of Mandaguari. Researched and analyzed the difficulties experienced by teachers, instrumentalize and empower through education and practical classes, the teachers CEEBJA Santa Clara de Mandaguari in the use of TV Pendrive as a tool to enhance the teaching-learning. The training was through an Extension Course of the Universidade Estadual de Maringá (UEM) where it was possible to do a theoretical study and practical training on new technologies and use the TV Pendrive school.



KEYWORDS: Teaching Materials, Teaching-Learning Value, Information Technology and Communication; TV Pendrive



INTRODUÇÃO
Com as mudanças ocorridas nos últimos anos na área tecnológica, mais uma vez ressalta-se a necessidade de inovações e a habilidade para utilização de recursos tecnológicos e mídias. A preparação dos profissionais da educação, neste sentido, é imprescindível, uma vez que deles depende a melhoria da qualidade de ensino e oportuniza novas formas de organização do trabalho pedagógico.
Para atender as exigências do mercado competitivo do trabalho, o indivíduo precisa aprender e assimilar o conhecimento produzido pela humanidade e pelos novos paradigmas, necessitando adaptar-se a esta nova era tecnológica e integrar-se a ela, sabendo lidar com a realidade imposta pelo mundo virtual.
De acordo com Teruya, (2006, p. 42), a educação escolar não tem o poder de modificar toda uma mentalidade, porque há uma concorrência desigual e desleal da parte do aparato da mídia eletrônica em nível global; seu apelo ao entretenimento, permeado de muita pobreza cultural, banaliza a vida cotidiana e define o modelo de comportamento e de conduta alienada, próprio da sociedade capitalista. Entretanto, o educador pode contribuir para propiciar uma conduta mais crítica diante das visões alienadas e dos preconceitos, cultivando os embriões de uma nova geração de indivíduos humanos mais criativos e mais preparados para o mundo contemporâneo. Não se trata necessariamente de produzir um novo conhecimento, mas conhecer a produção humana, no sentido de abrir horizontes do saber que permitam criar e inovar, utilizando-se do conhecimento universalizado e consagrado pela ciência.
Deste ponto de vista o educador necessita de atualização para o trabalho docente, uma vez que é co-responsável na produção e reprodução desses novos conhecimentos.
As tecnologias precisam estar presentes na escola para aprimorar a prática pedagógica, pois, como já previa o educador Anísio Teixeira (1963), “as escolas do futuro mais se pareceriam com emissoras de rádio e televisão”. Pensando nisto, a fundamentação teórica, aliada à prática, veio possibilitar a interação do professor do CEEBJA Santa Clara de Mandaguari com a TV Pendrive, bem como sua utilização e apropriação dos recursos multimídia.
É preciso compreender os meios tecnológicos de comunicação e de informação na dinâmica de sua origem, as técnicas e os códigos, conforme a natureza da realidade por eles construída, nas maneiras pelas quais os receptores\leitores recebem e lêem, redescobrem, interpretam e constroem significados, como algo em contínuo movimento e mudança. Faz-se necessário, portanto, assegurar que professores criem seus textos e materiais com suportes de comunicação e tecnologia, na condição de protagonistas ativos e reprodutores dos materiais por eles produzidos.



AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs)
De acordo com Carneiro (2003, p. 75), a evolução das tecnologias gera novas combinações e possibilidades de comunicação, como as técnicas de digitalização, difusão via canal a cabo, satélites e internet. A fusão TV-Internet centraliza, hoje, as atenções.
Não se deve limitar a TV somente como veiculadora de programas e conteúdos, pois é, sobretudo, uma forma de cultura social, por isso estabelece comunicação de cumplicidades com os espectadores (VILCHES, 1993, p.13).
Na década de 1980, o entretenimento assumiu hegemonia quanto às funções educativo-informativas, inclusive em TVs públicas: “Hoje em dia, a função de distrair passou a frente das outras funções da televisão, como também de suas outras formas de uso social” (MATTELART e MATTERLART, 1989, p. 166).
Pode-se ver que a TV trouxe abertura e significação para novos meios de pensar, agir e produzir significados a partir de referenciais culturais e de vivências. Como afirma Lévy (1999, p.79), “mesmo sentado na frente de uma televisão sem o controle remoto, o destinatário decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras, e sempre de forma diferente do vizinho”.
Nas décadas de 60\70 do século passado, a educação a distância foi engrandecida pelas transmissões via satélite e houve uma expectativa muito grande com relação à educação, tornando-se obrigatórios os programas educativos pelas redes comerciais (Farias, 2000, p.116). Mas, em 1980, este pensamento esfacelou-se e essa obrigatoriedade foi liberada, assim, as emissoras passaram a definir seus horários e a distribuição de tempo reduzida.
Em 1989 surgiram os vídeos como complementação de aula pelo professor e foram disponibilizadas centenas de fitas de vídeo com diferentes temas para as escolas com o Projeto Vídeo Escola pela Fundação Roberto Marinho, Rede Globo de Televisão e Banco do Brasil.
Já na década de 1990, a educação a distância foi assegurada e incentivada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394\96), e surgiram os primeiros canais privados educacionais e, com eles, os projetos de um ensino mediado pela televisão. O MEC formulou e implementou a capacitação de professores por meio da educação a distância dando origem aos Programas de Apoio Tecnológico e TV Escola ou Kit Tecnológico. A tecnologia educacional foi defendida como solução pedagógica.
Com todas essas experiências e propostas, a informação e a educação ficaram mais acessíveis a inúmeras pessoas, porém esperou-se que aumentasse o rendimento do sistema educativo e reduzisse as perdas escolares, o que não aconteceu, por estarem vinculados a decisões políticas.
Para compreensão da evolução dos meios tecnológicos de comunicação e de informação, buscou-se embasamento em autores renomados e atuais como Carneiro (2003), Vilches, (1993), MATTELART e MATTERLART, (1989), Silva e Fleury (2000), TERUYA, (2006), dentre outros.
Neste novo contexto tecnológico e midiático, concorda-se com Dieuzeide (1986 apud CARNEIRO, 2003), de que a estratégia pedagógica eficaz apóia-se no interesse dos jovens pela mídia como origem para atingir níveis criadores e enriquecedores. A familiaridade e o interesse juvenil obrigam educadores a superar a concepção instrumental da comunicação social como auxiliar pedagógico para adotar abordagem cultural global atualizada.
Com isso pode-se refletir sobre as múltiplas possibilidades ofertadas pela TV e vídeo no Brasil e suas conseqüências educativas que incentivaram a exploração das tecnologias disponíveis. Porém, durante décadas de uso de TV e vídeo na educação a distância, pouco se viu projetos vinculados à formação específica do professor que enfatizassem a integração do audiovisual à sua prática escolar ou que a tomassem como objeto de estudo. Apesar de tantos avanços, é possível observar que essas ferramentas ainda são, muitas vezes, subutilizadas como suportes de transmissão, ignorando suas dimensões expressivas e dialógicas. Para Silva e Fleury (2000), a utilização de novas tecnologias não é algo que se faz facilmente, porque implica obter novos pontos de vista e assumir novos papéis.
As novas tecnologias não vêm para substituir o professor, mas para contribuir com a prática docente, no processo ensino-aprendizagem. Cabe ao professor saber utilizar essas ferramentas e, com elas, formar cidadãos capazes de identificar e compreender as teorias que norteiam o paradigma tecnológico da comunicação e informação.
O papel da escola não se limita a desenvolver metodologias para erradicar o “analfabetismo tecnológico”, mas também oferecer instrumentos para analisar criticamente os recursos do ciberespaço, no sentido de privilegiar a formação ética, incentivando a participação coletiva no processo de construção da nova sociedade, verdadeiramente democrática, ou seja, um mundo onde todas as pessoas usufruam os benefícios das conquistas científicas. (TERUYA, 2006, p.86)
Os recursos tecnológicos, se bem utilizados, têm a possibilidade de melhorar o processo de ensino, pois oferecem auxílio pedagógico e material atualizado tanto para o educador, como para os alunos, além de facilitar a aprendizagem, porém requerem fundamentação teórica e metodológica para trabalhar no ambiente informatizado.
A tecnologia é um instrumento capaz de aumentar a motivação dos alunos, se a sua utilização estiver inserida num ambiente de aprendizagem desafiador. Não é por si só um elemento motivador. Se a proposta de trabalho não for interessante, os alunos rapidamente perdem a motivação (BRASIL, 1998, p. 157).
Sendo assim, retorna-se ao papel do professor que continua fundamentalmente inestimável e insubstituível.



A TV PENDRIVE
O final do século XX foi marcado pelo forte desenvolvimento das Tecnologias de Informação, Comunicação e Internet. Com ele vieram modificações radicais na produção de conhecimentos, conceitos, valores, saberes e de como as relações entre pessoas e máquinas se resignificam, impulsionadas por essas TICs.
O Paraná tem dado passos importantes para conectar todos os setores da sociedade aos meios inteligentes de comunicação. A área educacional também tem sido beneficiada por essas tecnologias que facilitam, e muito, o acesso a informações e assim possibilitam aos professores a inovação em suas aulas com a TV Pendrive.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná tem desenvolvido projetos que visam à integração de mídias com a finalidade de proporcionar a inclusão e o acesso de alunos e professores da rede pública estadual a essas tecnologias. Esse fato tem provocado infinitas discussões dentro das escolas e muitos educadores se defrontam com problemas que nunca haviam enfrentado até então. Em muitos casos o que falta é apenas o domínio técnico da ferramenta, o que acontece com o próprio uso da ferramenta.
Esta nova etapa na corrida ao desenvolvimento compreende uma sociedade mais desenvolvida do ponto de vista econômico, social, educacional, cultural e, sobretudo, cidadã. As iniciativas que visam a democratização e a universalização do acesso às TICs, em sua maioria, são denominadas de iniciativas de inclusão digital, processo este amplamente discutido no projeto de Pesquisa “Utilização da TV Pendrive na Escola”, que justificou-se por analisar as características de um recurso que está na escola; um bom recurso que pode e deve melhorar a prática pedagógica. Tratou-se de um estudo sobre a TV Pendrive que já se encontra nas escolas paranaenses. Considerando as dificuldades encontradas pelos professores na utilização da TV Pendrive, buscou-se estratégias que viessem proporcionar meios e condições de utilização da mesma, e que contribuíssem para o desenvolvimento do trabalho pedagógico.
A TV Pendrive é um projeto da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, onde cada sala de aula das escolas paranaenses possui um televisor de 29 polegadas, com entrada para VHS, DVD, cartão de memória e pendrive, com saídas para caixas de som e projetor multimídia, bem como um pendrive para cada professor.
Com o pendrive o professor pode armazenar vídeos, áudios, imagens e animações. O conjunto todo é um dispositivo desenvolvido exclusivamente para o Estado do Paraná. Os professores podem salvar objetos de aprendizagens para serem utilizados em sala de aula que podem, por sua vez, complementar e apoiar o processo de ensino-aprendizagem e estarão disponíveis no Portal Dia-a-dia Educação do Estado do Paraná (TV multimídia – Portal Dia-a-dia Educação).
O pendrive é um dispositivo portátil de armazenamento de arquivos com memória flash. Sua capacidade varia de modelo para modelo sendo de 1GB a 8GB. O escolhido pela Secretaria de Educação possui memória de 2G. Esta capacidade é suficiente para armazenar vídeos, áudios, imagens e animações. Este se ajusta ao computador ou ao televisor a partir de uma porta de entrada USB – conexão universal. Por meio desse dispositivo se transferem dados e informações que podem ser visualizados na tela da TV e de microcomputadores. A entrada para cartão de memória é uma conexão para dispositivos como os usados em máquinas fotográficas e filmadoras, principalmente para armazenar imagens. Trata-se de um acessório prático e fácil de usar, compatível com praticamente qualquer sistema operacional. Não há hoje nenhuma mídia portátil tão rápida na gravação e leitura dos dados como os pendrives, o que os tornou populares muito rapidamente. Em condições ideais as memórias flash podem armazenar informação durante 10 anos. A grande vantagem desse dispositivo é ser compacto e com a possibilidade de ter uma grande capacidade de armazenamento, poder transportá-lo para qualquer lugar e plugá-lo em qualquer computador com uma porta USB. Podemos dizer que o pendrive tem a função de um mini HD removível.
O termo “pendrive”, apesar de ser em inglês, não é utilizado nessa língua. Os países falantes da língua inglesa utilizam o termo “USB Flash Drive” ou outro nome similar. Pendrive pode ter sido o nome escolhido por alguns países pelo fato dos primeiros dispositivos portáteis com memória flash terem sido criados com aparência que lembrava uma caneta (“pen” em inglês). Outra possibilidade é a de que estes acessórios são tão pequenos que podem ser considerados até mesmo mais práticos de carregar que uma caneta comum.
O pendrive pode se utilizado para levar até a sala de aula textos e apresentações desenvolvidas em software específico e transformados em imagem no formato JPG. Também é possível exibir na TV Multimídia Objetos de Aprendizagem, como sons, imagens, vídeos e animações e fazer articulações com os conteúdos curriculares.
Para gravar vídeos ou conteúdos no pendrive basta colocá-lo na entrada USB de um computador e salvar a opção desejada, mas sempre nos formatos:
- Arquivos de vídeo: MPEG (MPEG1, MPEG2), DIVX e XVID.
- Arquivos de áudio: MP3 e WMA
- Arquivos de imagem: JPEG.
A TV Pendrive possui entrada para dispositivos USB e leitor de cartões de memória. A conexão USB possibilita a integração entre o computador e a televisão de forma rápida e prática.
Pode-se afirmar que o governo do estado do Paraná está propiciando uma melhoria significativa na educação paranaense, uma vez que as tecnologias precisam estar presentes na escola para aprimorar a prática pedagógica.

A NECESSIDADE DO USO DA TEV-PENDRIVE: UMA EXPERIÊNCIA
Pensando na necessidade relatada na introdução, analisando as características de um recurso que a escola possui, percebendo que se trata de um bom recurso e que poderia melhorar a prática pedagógica e aliando as dificuldades encontradas pela maioria de professores do CEEBJA, buscou-se proporcionar meios e condições de utilização da TV Pendrive através de um Curso de Extensão da UEM, sendo possível fazer um estudo teórico e prático sobre as Novas Tecnologias e Utilização da TV Pendrive na escola. O estudo teórico enfocou aspectos históricos com textos que abordavam a definição, a utilização e as dificuldades encontradas neste aspecto.
Foram subdivididos em oito encontros presenciais de 4 horas, perfazendo um total de 32 horas.
De acordo com o estabelecido no cronograma de ações, o projeto foi apresentado para a Direção, Equipe Pedagógica e Professores, e obteve excelente aceitação e interesse de todos, vindo ao encontro das necessidades dos professores do CEEBJA, uma vez que a grande maioria tinha dificuldades no manuseio e trabalho com as novas tecnologias – TV Pendrive, e, consequentemente, muita insegurança, limitando-se na construção de uma prática diferenciada de conhecimentos.
O início do Curso deu-se com a exibição do Vídeo “Tecnologia e Metodologia” (Youtube), no data show, onde se abordou a importância da metodologia frente às novas tecnologias. Na continuidade realizou-se o estudo do texto “As Tecnologias e a Educação” (Machado), parte integrante do caderno temático Tecnologias - Tv Pendrive e Informática na Escola. Discutiu-se a influência das tecnologias digitais na área educacional e suas implicações, bem como o papel do educador que se torna imprescindível diante das informações e do conhecimento veiculados na internet. Ressaltou-se a importância do professor saber utilizar essas ferramentas para implementar sua prática.
Nos dois próximos encontros, igualmente de cunho teórico, foram estudados os textos: O Vídeo na Sala de Aula, de Moran, e TV Pendrive na Escola, de Machado, que é parte integrante do Caderno Temático Tecnologias - Tv Pendrive e Informática na Escola. Com o primeiro texto todos puderam colocar experiências boas e também as que não surtiram resultado significante mediante a maneira com que o vídeo foi trabalhado; foi de grande crescimento para os professores que gostaram muito da discussão, pois o autor trazia sugestões de trabalho antes, durante e depois do vídeo, e ainda algumas dinâmicas de análise. Por meio do segundo texto os professores puderam conhecer um pouco mais sobre a TV Pendrive, porque e como utilizá-la, como baixar imagens e vídeos e redimensioná-los, além de sugestões de sites educacionais; após a discussão exibiu-se slides com dicas de utilização de e-mails.
Nos outros cinco encontros trabalhou-se a prática tomando por base o Caderno Temático Como Utilizar a Tv Pendrive, produzido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná.
No primeiro encontro de aulas práticas preparou-se uma mensagem de força de vontade e estímulo e o vídeo “Noarms” que retrata a vida de uma mulher que não possui os braços e que leva uma vida normal inclusive se casou e teve filho, pois a deficiência não a venceu. Com isto, foi possível demonstrar que não existe dificuldade quando se tem força de vontade e acredita-se que é capaz. Assim os professores que estavam sentindo-se incapazes de aprender a utilizar as novas tecnologias perceberam que suas limitações eram mínimas ou nenhuma perante o esforço de Noarms. Após discussão do vídeo passou-se noções básicas do Linux: como criar uma pasta, como digitar e formatar um texto no Broffice – Writer, como copiar, colar e formatar um texto. Preparou-se uma síntese do que foi trabalhado na aula a qual foi enviada aos professores por e-mail.
No segundo encontro de aula prática deu-se continuidade à aula anterior retomando-se os conteúdos e dando início ao trabalho com slides utilizando o Broffice Impress. Foram passadas noções de: como configurar o slide, como alterar o plano de fundo do slide, como inserir novo slide, como inserir texto e imagem no slide. Um resumo do que foi trabalhado neste encontro também foi enviado por e-mail aos professores.
Retomou-se, no terceiro encontro prático, o aprendizado da aula anterior e alguns lembretes em relação ao trabalho com Linux que não devem ser esquecidos, assim como os formatos que podem ser utilizados na TV Pendrive. Partiu-se então para a pesquisa de sons, imagens e vídeos no portal www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, onde os professores tiveram contato com o material lá disponibilizado de acordo com sua disciplina. Aprenderam a salvar no pendrive e colocar na TV Pendrive, tanto as aulas que planejaram como a que escolheram no site. Receberam por e-mail o resumo da aula.
No quarto encontro prático, trabalhou-se com os professores a conversão de vídeos do site Youtube utilizando o programa Zamzar. Os professores escolheram os vídeos referentes às suas disciplinas e fizeram a conversão. Salvaram no pendrive e em seguida apresentaram na TV Pendrive alguns dos vídeos. Encerrou-se com o texto Os Mutantes, na TV Pendrive, uma mensagem que fala sobre a importância dos pensamentos positivos para a saúde de nosso corpo.
No último encontro trabalhou-se a utilização do GIMP, software utilizado para conversão e mudança de tamanho das imagens. Os professores aprenderam a redimensionar imagens para serem visualizadas na TV. Preparou-se duas mensagens, uma no início e outra no término do encontro: Folhas da Amizade e Aos Olhos do Pai. Para finalizar os participantes preencheram a ficha de avaliação do curso.
Resultados Alcançados
Com a utilização de novas tecnologias, sejam elas, computador, TV multimídia, rádio ou internet, o estudante tem a possibilidade de desenvolver suas potencialidades, tanto cognitivas, como estéticas, por meio das múltiplas maneiras que o docente pode realizar nos espaços de interação, propondo problemas reais, que gerem processos de construção do conhecimento. Desconhecer e negar as novas tecnologias faz o ensino retroceder no tempo e no espaço.
De algum modo, as ações desenvolvidas voltaram-se para a ação “capacitação de professores da EJA”, tendo por parâmetro o objetivo de investigar, sensibilizar e buscar caminhos que possibilitassem inovações na prática pedagógica do professor, por meio da orientação e preparação para a realização deste trabalho, disponibilizando condições aos professores do CEEBJA Santa Clara de Mandaguari, que pudessem atender, de maneira adequada, às suas necessidades.
A implementação deste projeto veio atender essas necessidades possibilitando um avanço tecnológico neste grupo de profissionais da educação uma vez que a produção do conhecimento e a criação de novas tecnologias dependem do nível e da qualidade da formação das pessoas.
Pode-se afirmar que o curso de extensão cumpriu seu objetivo, à medida que favoreceu o conhecimento da utilização da TV Pendrive pelos professores que, apesar de disporem de recursos tecnológicos e de mídia, não os utilizavam por não terem conhecimentos para tal. Esses encontros possibilitaram o aprimoramento dos profissionais de educação, funcionando como oportunidades de aperfeiçoamento que até então inexistiam.
Destaca-se, ainda, que todos os participantes do curso consideraram que a organização e os conteúdos abordados foram relevantes e contribuíram para sua prática pedagógica. Fizeram a observação de que o curso deveria ter continuidade no decorrer do ano.
A capacitação dos profissionais da educação é indispensável para assegurar a melhoria da qualidade de ensino.
Principais dificuldades encontradas no processo de implementação do projeto
Para que o educador utilize os recursos tecnológicos e midiáticos no ambiente escolar, é necessário uma metodologia de ensino e uma concepção de educação que integrem os conteúdos a esses recursos e, para que isto aconteça, o professor precisa estar preparado, capacitado e apto, pois sem um referencial teórico e moral para suas atividades pedagógicas, ele se tornará uma presa fácil neste mundo tecnológico.
O laboratório de tecnologia Educacional e a TV Pendrive já são realidades presentes em todas as escolas públicas do Estado do Paraná. A escola deve lançar mão destes poderosos recursos e incorporá-los ao trabalho docente, à sala de aula para formar cidadãos críticos, capazes de identificar e compreender as teorias que norteiam o paradigma tecnológico da comunicação e informação. O papel da escola hoje não se limita a desenvolver metodologias, mas também a oferecer instrumentos, e com estes analisar os recursos que estão aí, e com eles participar do processo de construção da nova sociedade, podendo assim, todos usufruírem de seus benefícios.
A escola deve usufruir destes fantásticos recursos e ferramentas pedagógicas para a implementação de uma pedagogia inovadora. É necessário e urgente o professor analisar e compreender as mudanças que estas novas ferramentas tecnológicas trazem e o impacto que se reflete no processo de ensino-aprendizagem que em um novo contexto é gradualmente forçado a ele adaptar-se.
O desafio maior, agora, é o aprendizado, a formação do professor, torná-lo menos resistente, construindo caminhos para se apropriar criticamente das novas tecnologias cientes de que qualquer mudança dependerá de sua capacidade de analisar e adotar princípios metodológicos mais adequados às condições postas em sua realidade educacional. Professores mais preparados poderão assumir o seu papel de orientadores e mediadores da aprendizagem; saber converter o computador, a Internet e a TV multimídia em ferramentas de aprendizagem torna-se necessário.
O projeto oportunizou aos professores algumas possibilidades de uso pedagógico das tecnologias para serem incorporadas às suas aulas. Tratou-se de um passo importante para a modernização do processo de ensino na busca de melhores resultados dos índices educacionais e, sem dúvida, redefinições na relação professor e aluno. Deixou espaço também para redefinições curriculares, por conseqüência não só das novas ferramentas tecnológicas que estão adentrando as salas de aula, mas, também, para garantir a resolução de problemas apresentados no ambiente escolar, bem como a contribuição para o desenvolvimento do trabalho pedagógico.
Um ponto negativo foi o fato dos computadores serem poucos e, por isso, terem sido utilizados por dois e/ou até três cursistas ao mesmo tempo. Podem-se destacar também problemas técnicos nos computadores sem um responsável para auxiliar nestes momentos.
Considera-se, finalmente, urgente o desenvolvimento de soluções relacionadas a estas dificuldades, para dar suporte às ações dos profissionais da educação não só no CEEBJA, mas em todas as instituições escolares que sofrem com o mesmo problema. Seria interessante que cada escola pudesse contar com um profissional que desse suporte à utilização dos recursos tecnológicos existentes na mesma. E que os professores se mantivessem antenados com as novas tecnologias, especialmente a TV Pendrive, como recursos, para assim melhorarem a relação ensino-aprendizagem, num mundo em que cada vez mais as novas tecnologias fazem a mediação de inúmeras relações pessoais e sociais.


REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL. Secretaria de Ciência e Tecnologia. A política brasileira de ciência e tecnologia 1998, p. 157. Brasília.
CARNEIRO, Vânia L. Q. Estrutura narrativa de programas de atualização em matemática na TV Universitária – Natal. Anais do 26º Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional. Porto Alegre: ABT, 4 a 9 nov. 1984.
FARIAS, Isabel Maria Sabino de. Docência no telensino. São Paulo: Annablume, 2000.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. O carnival das imagens: a ficção na TV. São Paulo: Brasiliense, 1989, p.167.
NEVADO, Rosane A. et ali. Nós no Mundo: objetos de aprendizagem voltado para o 1º ciclo do Ensino Fundamental. Revista Novas Tecnologias na Educação, CINTED,UFRGS,v.4,nº1,jul.2006.
SILVA, Sandro Márcio da; FLEURY, Maria Tereza Leme. Aspectos culturais do uso de tecnologias de informação em pesquisa acadêmica. RAUSP: Revista de Administração da USP. São Paulo, v. 35, n.2, p.19-29, abr.\jun. 2000.
TAROUCO, Liane M. R. et ali. Reusabilidade de objetos educacionais. Revista Novas Tecnologias na Educação, CINTED, UFRGS, v.1, nº1, fev. 2003.
15
TERUYA, Teresa Kazuko. In: Trabalho e Educação na Era Midiática – Maringá – Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2006, p. 42,86,93.
VILCHES, Lorenzo. La televisión: los efectos del bien y del mal. Barcelona: Paidós, 1993.
Sites consultados
http://baixaki.ig.com.br
http://www.unesco.org
http://www.dimap.ufn.br
http://www.professores.uff.br
http://www.scielo.br
http://netescola.pr.gov.br
http://www.professores.uff.br
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
http://www.unesco.org\education\pdf\dieuzeid.pdf


Artigo Publicado no site: www.diaadiaeducaão.pr.gov.br

ARTIGO PUBLICADO

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) EM CRIANÇAS – REFLEXÕES INICIAIS


Ligia de Fátima Jacomini Machado
Marisa Jesus de Canini Cezar


Resumo: A Psicopedagogia busca intervenções adequadas para aliviar os problemas causados pelo TDAH na criança de 6 a 12 anos. Pensando nisto, apresentamos neste trabalho alguns estudos e conceituações de diversos estudiosos, doutores, pesquisadores sobre o TDAH, bem como suas causas, sintomas, critérios para diagnóstico, e algumas possíveis intervenções psicopedagógicas.


Palavras-chave: Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, TDAH. .


INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um dos mais freqüentes distúrbios que ocorrem em crianças. A Hiperatividade, uma deficiência neurobiológica de origem genética é um descontrole motor acentuado, que faz com que a criança tenha movimentos bruscos e inadequados, mudanças de humor e instabilidade afetiva.
Não existe uma única forma de TDAH e com o tempo pode sofrer alterações imprevisíveis. Afeta a criança na escola, em casa e na comunidade em geral, muitas vezes, prejudicando seu relacionamento com professores, colegas e familiares.
Este transtorno segundo Rohde & Benczik (1999) apresenta três características básicas: a desatenção, a agitação e a impulsividade. A criança com TDAH tem dificuldade de concentrar-se e distrai-se com facilidade, esquece seus compromissos, perde ou esquece objetos, tem dificuldade em seguir instruções, em se organizar, fala excessivamente, interrompe, não consegue esperar sua vez, respondendo a perguntas antes mesmo de serem formuladas.

O Transtorno de Déficit de Atenção segundo Sam Goldstein, (2006) é caracterizado por hiperatividade, impulsividade e/ou déficit de atenção, levando a repercussões acadêmicas e/ou sociais.
A hiperatividade é denominada de “desordem do déficit de atenção” e se baseia nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, agitada além do comum). Para haver um diagnóstico desse transtorno, esses sintomas devem interferir significativamente na vida da criança, num comportamento crônico, com duração de no mínimo 6 meses e as características devem estar presentes em mais de um ambiente.


TDAH: REFLEXÕES SOBRE A POPULAÇÃO ATINGIDA E AS CAUSAS

O TDAH segundo Sam Goldstein (2006) aparece geralmente na primeira infância e atinge aproximadamente de 3% a 5% da população durante a vida toda, não importando o grau de inteligência, o nível de escolaridade, a classe sócio-econômica ou etnia. De acordo com estudos recentes, o TDAH é mais percebido em meninos do que em meninas, numa proporção de 2/1; sendo que nos meninos os principais sintomas são a impulsividade e a hiperatividade, e nas meninas a desatenção. Os índices variam conforme a fonte de informação. Atinge de 6% a 8% de crianças em idade escolar.
Algumas crianças desenvolvem o transtorno bem precocemente, porém antes dos quatro ou cinco anos é muito difícil se fazer um diagnóstico preciso. É de origem orgânica e pesquisas apontam (Jensen, 1999) que as crianças mais propensas a desenvolver este transtorno são filhos de pais hiperativos (50%), irmãos (5% a 7%), gêmeos (55% a 92%) e que 50% a 60% ainda persistem com sintomas acentuados na fase adulta, pois não há cura. Muitos pesquisadores acreditam não ser hereditário e que seja conseqüência de algum desequilíbrio da química do cérebro.

[....] Algumas crianças, entretanto, podem apresentar sintomas de hiperatividade como resultado de ansiedade, frustração, depressão ou de uma criação imprópria.(Sam Goldstein – Michael Goldstein)

O Transtorno é causado por um mau funcionamento da neuroquímica cerebral. Ainda não foi descoberto o mecanismo exato, porém estudos confirmam que há uma alteração metabólica, principalmente na região pré-frontal do cérebro, principal reguladora do comportamento humano.

[....] Este transtorno é considerado uma doença relacionada à essência de produção de determinados neurotransmissores que são substâncias produzidas em maior ou menor quantidade no sistema nervoso central e regula o funcionamento do mesmo.(Dr. Dinizar de Araújo Filho - 2003)


TDAH: CONCEITUAÇÕES E CARACTERIZAÇÕES


De acordo com Sam Goldstein(2006) o T.D.A.H. é classificado a partir de quatro formas:
Forma Hiperativa/Impulsiva – É caracterizada por pelo menos seis dos seguintes sintomas, em pelo menos dois ambientes diferentes:
- Dificuldade em permanecer sentada ou parada;
- Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;
- Inquietação, mexendo com as mãos e/ou pés, ou se remexendo na cadeira;
- Age como se fosse movida a motor, “elétrica”;
- Fala excessivamente;
- Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;
- Responde a perguntas antes mesmo de serem formuladas totalmente;
- Interrompe frequentemente as conversas e atividades alheias;
- Dificuldade em esperar sua vez (fila, brincadeiras).
Forma Desatenta – A criança apresenta, pelo menos seis das seguintes características:
- Dificuldade em manter a atenção;
- Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;
- Distrai-se com facilidade, “vive no mundo da lua”;
- Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado;
- Parece não ouvir;
- Dificuldade em seguir instruções;
- Evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;
- Dificuldade na organização;
- Frequentemente perde ou esquece objetos necessários para uma atividade;
- Esquece rápido o que aprende.

Forma Combinada ou Mista – É caracterizada quando a criança apresenta os dois conjuntos das formas hiperativa/impulsiva e desatenta.
Existem ainda outros critérios que devem ser levados em conta, tais como:
- Persistência do comportamento há pelo menos seis meses;
- Início precoce (antes dos 7 anos);
- Os sintomas têm que ter repercussão na vida pessoal, social ou acadêmica;
- Tem que estar presente em pelo menos dois ambientes;
- Freqüência e gravidade maiores em relação à outras crianças da mesma idade;
- Idade de 5 anos para diagnóstico.
Tipo não específico – A pessoa apresenta algumas características, mas em número insuficiente de sintomas para chegar a um diagnóstico completo. Esses sintomas, no entanto, desequilibram a vida diária.

Além dos sintomas citados por Goldstein outros autores colocam:
- Choro inexplicável nos primeiros meses “cólicas”.(Andrade, 1998);
- Maior risco de acidentes (Leibson, 2001);
- Baixa auto-estima (Dra. Ana Beatriz B. Silva, 2007);
- Depressões freqüentes .( Dra. Ana Beatriz B. Silva, 2007) ;
- Caligrafia de difícil entendimento(Dra. Ana Beatriz B. Silva, 2007) ;
- Mudanças rápidas de interesse (começa várias coisas e não termina) (Dra. Ana Beatriz B. Silva, 2007);
- Dificuldades de relacionamento com outras crianças (Leibson, 2001);.

POSSÍVEIS DIAGNÓSTICOS, TRATAMENTO E ORIENTAÇÕES ACADÊMICAS PARA O T.D.A.H.

De acordo com o Dr. Keith Conners* não existe exame para diagnosticar TDAH, por isso o diagnóstico é um processo de múltiplas facetas e de avaliação ampla. É preciso estar atento à presença de sintomas que são concomitantes a outros transtornos (comorbidades). Ansiedade, depressão e certos tipos de problemas de aprendizagem causam sintomas semelhantes aos provocados pelo TDAH. O mais importante é se fazer um cuidadoso histórico clínico e desenvolvi- mental, onde se inclui dados recolhidos de professores, pais e de adultos que interagem de alguma maneira com a criança avaliada, um levantamento do funcionamento intelectual, social, emocional e acadêmico e exame médico, geralmente neuropediatra, bem como testes psicológicos e/ou neurológicos.
E ainda, segundo Eidt e Tuleski (2007), a questão é complexa e envolve fatores macro-estruturais e não apenas individuais. Este assunto demonstra ainda não haver consenso científico, existindo muitas lacunas a serem preenchidas com pesquisas mais abrangentes, que considerem as diferenças sociais e culturais. A análise da literatura sobre esse transtorno, aponta dificuldades para o diagnóstico e intervenção com crianças consideradas portadoras de T.D.A.H., devido à falta de clareza e sua delimitação frente a outros quadros com sintomas semelhantes, não existindo também estudos consistentes a cerca das futuras conseqüências do uso de medicação.
O tratamento de crianças com TDAH supõe intervenção psicológica, pedagógica e médica, sendo esta a questão central para o psicopedagogo, além de técnicas de mudança de comportamentos. Uma abordagem que envolva todas as áreas inclui: treinamento dos pais em controle do comportamento; um programa pedagógico adequado; aconselhamento individual e para a família (quando necessário) e medicamento (quando necessário).

[....] Por ser uma doença que acaba desenvolvendo um aspecto comportamental, é como qualquer doença, o tratamento é diferencial para cada nível de hiperatividade. Há casos que exigem só a terapia comportamental. Outros casos a partir de maior grau de compreensão da criança em relação ao problema, ela terá que ter condições de conviver com essa doença, desenvolver um processo de auto-controle, daí a necessidade de terapia como apoio. De modo geral é necessário a psicoterapia de apoio nesse tratamento e a pessoa poderá conviver com isso sem que haja prejuízo para ela, nem para o ambiente. Existem casos intermediários da doença em que se pode optar por algum tipo de tratamento medicamentoso, num grau menor, juntamente com terapia comportamental. E há casos extras em que é necessário a utilização de psicofármacos específicos para a questão. Cada grau tem a sua avaliação, seu manuseio e sua forma de conduzir. Os medicamentos mais utilizados no controle dos sintomas relacionados com o TDAH são os psicoestimulantes. A hiperatividade ocorre por falta de regulação nos neuro-transmissores. Nós temos no lobo frontal, na parte anterior do cérebro, uma área que desenvolve o equilíbrio entre a percepção, a estimulação ambiental e a capacidade de resposta neuro-orgânica a tudo isso. Quando ocorre uma deficiência na produção de determinadas substâncias como a dopamina, acarreta uma falta de equilíbrio nesse funcionamento, a criança não tem um processo de limitação, então os psicoestimulantes estimulam a produção desses neuro-transmissores que estão deficientes. (Dr. Dinizar de Araújo Filho – 2003 - Neurologista – estudioso em TDAH)

De acordo com Sam Goldstein, (2006) o T.D.A.H. é com freqüência apresentado, erroneamente, como um tipo específico de problema de aprendizagem. Ao contrário, sabe-se que as crianças com T.D.A.H. são capazes de aprender, mas têm dificuldades em se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas deste transtorno têm sobre uma boa atuação. Porém, por outro lado, 20% a 30% das crianças com T.D.A.H. também apresentam um problema de aprendizagem, o que complica ainda mais a identificação correta e o tratamento adequado.
Segundo Eidt e Tuleski (2004), verifica-se que crianças têm sido diagnosticadas e medicadas como hiperativas e/ou desatentas cada vez mais cedo, apresentando-se como justificativa corrente para o fracasso escolar de um número expressivo de crianças, atribuindo-lhes a responsabilidade pelo não aprender e isentando de análise o contexto escolar e social nos quais elas se encontram inseridas.
Acreditamos que o sucesso na sala de aula pode exigir uma série de intervenções. A maioria destas crianças pode permanecer na classe regular, com pequenas intervenções no ambiente estrutural da escola, modificação de currículo e estratégias adequadas à situação. Somente crianças com problemas muito mais sérios podem exigir sala de aula especial. Mas, antes de tudo, é necessário encaminhar o portador de TDAH para um tratamento adequado, pois é um transtorno que tratado adequadamente promove uma resposta fantástica. Entre se ter um resultado final após o processo terapêutico e o período da condução, existe muita coisa que se pode fazer, vai depender da disponibilidade da professora, da escola, das condições de trabalho que a escola proporcione. Existe hoje, um conceito resgatado, que procura otimizar aquilo que a pessoa tenha de possibilidade a oferecer e não enquadra-la num lugar comum; trata-se da inteligência emocional. O grande problema do ensino é tratar pessoas diferentes de forma igual. Currículos rígidos, conteúdos programáticos pré-fixados. Isto, administrativamente, é muito melhor, mas não é o ideal.
O professor precisa, antes de mais nada, conhecer seus alunos para poder planejar o que fazer durante o período escolar. Todas as estratégias propostas valem a pena serem experimentadas, mas só serão realmente eficazes se adequadas ao grupo a que se destinam.


[....] a reabilitação daquelas crianças cujo diagnóstico cuidadoso afirma a configuração de um quadro de T.D.A.H., pode ser vista sob novas perspectivas, entendendo-se que a atenção e o controle voluntário do comportamento não se limitam às determinações biológicas, destaca-se a utilização tanto da linguagem quanto da mediação de outros signos, visando auxiliar no desenvolvimentos dessas funções psicológicas. Com isso pretende-se que a criança adquira maior consciência de seu próprio comportamento. (Eidt, 2004).

Segundo Sandra Rief* algumas estratégias eficientes e eficazes para a sala de aula seriam estabelecer uma rotina clara, definindo claramente as regras e expectativas para o grupo, usando recursos visuais e auditivos, estabelecendo conseqüências razoáveis e realistas, que devem ser compreendidas por todos, e aplicá-las. Pode-se também implementar um sistema de controle de comportamento (verbal e escrito) que seja conhecido e compreendido pelos alunos, pais, professores, auxiliares e funcionários da escola, modelar o comportamento e habilidades sociais que se espera dos alunos. Adotar uma atitude positiva, como elogios e pequenas recompensas para comportamentos adequados, elogiando determinadas atitudes (alunos com TDAH sempre têm sua atenção chamada para o que fazem de errado) enfatizar o que fazem certo e quando o aluno começar a ficar agitado, frustrado ou incomodativo, redirecionar para uma outra atividade ou situação (levar um recado para fora da sala de aula, organizar os livros na prateleira, dar de comer para o mascote da sala, apagar o quadro, etc.) sempre com voz calma e firme. Controlar pela proximidade (sentar perto do professor, longe da janela ou da porta e de colegas antagonistas, no meio de colegas tranqüilos que podem ajudar); ignorar transgressões leves que não forem intencionais e ensinar a turma a ignorar os comportamentos inadequados menos sérios e a elogiar e reforçar comportamentos positivos; retirar dos alunos objetos que distraem (alguns alunos com TDAH precisam manusear alguma coisa para focalizar a atenção – combinar algo que passe o mais desapercebido possível); usar música para relaxar e para momentos de transição; circular pela sala frequentemente – usar a proximidade física para controlar e avisar os alunos (mãos no ombro, contato de olhar, toque na carteira).
Concordamos com essas estratégias, que parecem simples, porém não deixam de auxiliar o professor no seu trabalho diário com alunos com T.D.A.H.
Quanto à maneira de ensinar, Sandra Rief sugere que se tenha outras opções de atividades para os alunos que completam o trabalho mais cedo a fim de evitar problemas que surgem do tédio, tendo o cuidado para não passar um trabalho que o aluno não seja capaz de fazer pois este é o primeiro passo para a frustração; certificar-se que as atividades são estimuladoras e que os alunos compreendam a relevância da lição, utilizando técnicas eficientes de questionamentos, e providenciando oportunidades para movimentação dentro da sala de aula, com intervalos entre as atividades.
Considerando nossas experiências no ensino fundamental – séries iniciais, observamos que alunos com T.D.A.H. conseguem obter maior aproveitamento quando recebem apoio, incentivo e ajuda individual; compreensão e respeito ao seu “tempo” de aprendizagem e suas limitações. A firmeza e o comprometimento do professor são fundamentais, bem como a utilização de técnicas e recursos adequados, evitando exposição do aluno à situações constrangedoras.

Orientações Familiares

[....]para ajudar seus filhos a serem bem sucedidos na escola, os pais devem ser pacientes, persistentes e orgulhosos (Goldstein, 1995).

Em primeiro lugar, devem ter a paciência de instruir os professores a respeito dos distúrbios do seu filho e oferecer recursos, compreensão e apoio. Devem ser persistentes em seu esforço de auxiliar o filho a transpor as dificuldades, assumindo compromissos, reconhecendo a necessidade de intervenções e colaborando para sua execução.
Programas de treinamento para pais de crianças com TDAH frequentemente começam com ampla divulgação de informação. Existe uma grande quantidade de livros, vídeos e fitas disponíveis com dados a respeito do transtorno em si e de estratégias efetivas que podem ser usadas por familiares. A lista que segue revê nove pontos de uma série de estratégias que podem ajudar pais de crianças portadoras de TDAH segundo Goldstein e Goldstein, 1998.

1 - Aprender o que é TDAH

• Os pais devem compreender que, para poder controlar em casa o comportamento resultante do TDAH, é preciso ter um conhecimento correto do distúrbio e suas complicações;

2 - Incapacidade de compreensão versus rebeldia

• Os pais devem desenvolver a capacidade de distinguir entre problemas que resultam de incapacidade e problemas que resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os primeiros devem ser tratados através da educação e desenvolvimento de habilidades. Os outros são resolvidos de maneira satisfatória através de manipulação das conseqüências.

3 - Dar instruções positivas

• Pais devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança o que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está fazendo.

4 - Recompensar

• Os pais devem recompensar amplamente o comportamento adequado. Crianças com TDAH exigem respostas imediatas, freqüentes, previsíveis e coerentemente aplicadas ao seu comportamento. Da mesma maneira, necessitam de mais tentativas para aprender corretamente. Quando a criança consegue completar a tarefa ou realiza alguma coisa corretamente, deve ser recompensada socialmente ou com algo tangível mais frequentemente que o normal.
5 - Escolher as batalhas

• Os pais deveriam escolher quando e como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando conseqüências imediatas para comportamentos que não podem ser ignorados e usando o sistema de créditos ou pontos. É essencial que os pais estejam sempre um passo à frente.

6 - Usar técnicas de “custo de resposta”

• Os pais devem entender bem o que seja “custo de resposta”, uma técnica de punição em que se pode perder o que se ganhou.

7 - Planejar adequadamente

• Os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de maneira clara e concisa. Atividades ou situações em que já ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente planejadas.

8 – Punir adequadamente

• Os pais devem compreender que a punição não irá reduzir os sintomas de TDAH. Punir deve ser uma atitude diretamente relacionada apenas a um comportamento para crianças com TDAH se acompanhada de uma estratégia de controle.

9 – Construir ilhas de competência

• O que realmente importa para o sucesso dessa criança na vida é o que existe de certo com ela e não o que está errado. Cada vez mais, a área da saúde mental focaliza seu trabalho em aumentar os pontos fortes em vez de tentar diminuir os pontos fracos. Uma das melhores maneiras de criar pontos fortes é uma boa relação dos pais com seu filho.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo aluno com TDAH e sua família é a realização do dever de casa. O que professores devem lembrar ao passar uma lição de casa é o tempo que um estudante com TDAH leva para fazer essa lição – 3 a 4 vezes mais do que seus colegas. É necessário fazer adequações para que a quantidade de trabalho não exceda o limite da possibilidade. Ter sempre presente que a lição de casa tem o objetivo de revisar e praticar o que foi aprendido em sala de aula. Pais não devem fazer o papel de professores.

[....] acima de tudo, o dever de casa não deve ser jamais um castigo ou conseqüência de mal comportamento na escola. (Sandra Rief, 1993)

Em casa, é necessário estabelecer uma rotina com expectativas claramente definidas e previamente combinadas (horário, duração, intervalos). Proporcionar local adequado para o estudo e auxiliar na organização do trabalho, pois a desorganização e falta de consciência do tempo são características típicas do TDAH. Os pais devem dar todo apoio necessário, mas jamais fazer o trabalho escolar de seus filhos.
A comunicação freqüente entre escola e família é importantíssima para que professores e pais possam trocar experiências relevantes para as horas difíceis. Saber o que está se passando no outro ambiente ajuda a compor o quadro real da situação, e esse confiar no outro é que estabelece a parceria.




Orientações Psicopedagógicas – Sugestões para Intervenções

Conforme Edyleine (2002) o trabalho do psicopedagogo é muito importante pois auxilia, atuando diretamente sobre a dificuldade escolar apresentada pela criança, suprindo a defasagem, reforçando o conteúdo, possibilitando condições para que novas aprendizagens ocorram, e orientando professores.
As técnicas mais utilizadas são os jogos de exercícios sensório-motores, ou de combinações intelectuais, como damas, xadrez, carta, memória, quebra-cabeça, entre outros.
Os jogos com regras permitem à criança, além do desenvolvimento social quanto à limites, à participação, o saber ganhar, perder, o desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade para a criança detectar onde está, o porquê e o tipo de erro que cometeu, tendo a chance de refazer, agora, de maneira correta.
Podem ser usadas técnicas que envolvam escritas, como escrever um livro e ilustrá-lo, pode despertar nela em criar algo seu e admirar seu trabalho final, podendo isso, ser estendido às lições em sala de aula.
Uma outra técnica é a de despertar na criança o gosto pela leitura, através de assuntos e temas de seu interesse e também aguçar a curiosidade por conhecer novos livros, revistas e gibis.
A utilização de contos de fadas e suas dramatizações podem ser um recurso a mais. Podem ser utilizados desde a fase do diagnóstico até a fase de intervenção educativa, adaptando-se as tarefas, em razão do nível de aprendizado em que a criança se encontra. Edyleine (2000) salienta que essa técnica permite ao psicopedagogo coletar tanto dados cognitivos quanto psicanalíticos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do nosso tema se deu em função de trabalharmos com muitas crianças com problemas de aprendizagem, muitos deles causados por falta de atenção e ou concentração. Entendemos, no decorrer da nossa pesquisa, que o TDAH é realmente um transtorno e como tal, merece e deve ser tratado, visto que, na maioria dos casos, a criança hiperativa pode obter mais sucesso se for acompanhada de uma ação multidisciplinar, que poderá envolver professores, pais, terapeutas, médicos e medicamentos. O psicopedagogo poderá ser o elo principal entre a família e os especialistas envolvidos, durante o tratamento do TDAH, pois seu papel não é o de dar diagnóstico e sim de esclarecer aos pais que o transtorno não tratado gera inúmeras complicações para seu portador, no convívio social, muitas vezes levando à insatisfação, depressão, rejeição, busca das drogas, enfim, à infelicidade. Avaliamos ser de suma importância os estudos sobre TDAH e a divulgação dos mesmos nos ambientes escolares, pois quanto mais conhecimentos obtivermos sobre este assunto, muito mais poderemos contribuir para amenizar o sofrimento e o fracasso de nossas crianças.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: Compreensão, Avaliação e Atuação: Uma Visão Geral sobre TDAH. Artigo: Publicação, novembro/2006.

GOLDSTEIN, Sam e GOLDSTEIN, Michael: tradução Maria Celeste Marcondes. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. Campinas, SP: Editora Papyrus, 1994

MIRANDA NETO, M.H. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Arq. Apadec, 8(1): 5-13, 2004.

SILVA, Drª Ana Beatriz Barbosa. DDA ou TDAH em crianças e adolescentes. Mentes Inquietas. Editora Gente. RJ. 2006.

FILHO, Dinizar de Araújo. Entrevista: Hiperatividade. Petrópolis. 2003.

ANDRADE, Ênio Roberto de. Indisciplinado ou hiperativo. Nova Escola, São Paulo, n. 132, p. 30-32, maio 2000

GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1998. 246 p.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas. Rio de Janeiro: Napads, 2003. 224 p.

TIBA, Içami. Quem ama educa. 6. ed. São Paulo: Gente, 2002. 302 p.

SAMARA, Helena. Trabalho com os pais. Nova Escola, São Paulo, n. 132, p. 31-32, maio. 2000.

BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni. Transtorno de Deficit de Atenção/Hiperatividade : Atualização diagnóstica e terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

RIEF, Sandra. 1993 – Pedagoga com especialização em Educação Especial e recursos de aprendizagem).

EIDT, Nádia Mara. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: Diagnóstico ou rotulação? Dissertação de Mestrado, Campinas, São Paulo. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 216p.

EIDT, Nádia Mara e DUARTE Newton. A Categoria de Atividade e a Constituição do Psiquismo na Criança: Reflexões para a Prática Educativa. Artigo: Publicação, novembro/2005.Campinas, São Paulo.

EIDT, Nádia Mara e TULESKI, Silvana Calvo. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: Compreensão do Fenômeno a Partir da Psicologia Histórico-Cultural Artigo: Publicação, novembro/2005.Campinas, São Paulo.

ARCE, Alessandra, MARTINS, Ligia Márcia. Quem tem medo de Ensinar na Educação Infantil? Editora Alínea.Campinas, S. P. cap. 4. 2007.


SITES DISPONÍVEIS NA INTERNET

http://www.psicopedagogia.com.br/

http://www.abpp.com.br/

http://www.klickeducacao.com.br

http://mentalhelp.com/ritalina.htm

http://www.sandrarief.com/

http://revistaescola.abril.com.br/

http://www.pedagobrasil.com.br/

http://www.tdah.org.br/

http://gballone.sites.uol.com.br/

http://www.geocities.com/HotSprings/Oasis/2826/artigos1.html



ESTE ARTIGO FOI PUBLICADO NOS SITES:


http://www.abpp.com.br/artigos/85.htm
http://www.psicopedagogiaonline.com.br/



impactodapedagogiamoderna.blogspot.com/.../sugestoes-e-dicas-para-o.html

sábado, 5 de março de 2011

Mensagem do Milho



Aprendi com um humilde plantador:
Há milho de toda a espécie, mas tudo é milho.
O milho produz conforme é tratado.
Se lhe tiro o amido, dá maizena.
Se frito, dá pipoca.
Se môo, dá farinha ou fubá.
Se cozido ou assado, é bom para comer.
Se fica velho, é bom para os cavalos e galinhas.
Mas o milho só produz o que quero, se o trato conforme precisa.
E a cada espécie só posso pedir o que posso dar: milho comum não dá pipoca, milho de pipoca não serve para fazer curau.
E o milho só produz se é tratado como devido, na hora exata.
Se não cozinho o milho verde enquanto está verde, fica duro.
Se frito o milho verde não dá pipoca.
Se colho o sabugo antes dele crescer, ele não serve.
Até que ele fique como quero, como precisa, tenho que cuidar dele, dar-lhe o que necessita.
Essa lição do milho também serve para quem cuida de gente e e para quem quer amar.
Amar é ajudar a produzir, a ser, a realizar-se.
Não peça ao milho verde que ele dê pipoca, nem ao milho imaturo que seja como um milho que já dê alimento.
Dê-lhe o que precisa para que se desenvolva, conforme a sua espécie.
Assim como o sábio plantador é dada a satisfação de colher belas espigas, ao educador, com o seu trabalho, habilidade, dedicação e amor é dado o milagre de transformar tenras criaturas em seres prontos a produzir e realizar-se.
Autor: Desconhecido

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Paradoxo do Nosso Tempo

Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.

George Carlin



sábado, 17 de abril de 2010

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial! (Mário de Andrade)

sexta-feira, 2 de abril de 2010